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segunda-feira, 3 de agosto de 2020

TRILHA DO TELEGRAFO e CANANEIA - 73_2020

Depois de várias semanas sem atividade, Covid etc, fomos dar uma esticada maior pros lados de São Paulo.

Em março quando fizemos Ilha Comprida ficou a vontade de ficar mais tempo em Cananeia. Juntando com isto, me lembrei da famosa travessia da trilha do Telegrafo em abril de 86 (Margareth, Fenca, XY, Picolli e eu) e deu vontade de ir lá perto ver como está a situação atual.

Sobre a trilha do Telegrafo. Tem este nome pois ali passou a linha do telegrafo que fazia a ligação de Rio de Janeiro a Porto Alegre, sendo este trecho especifico o que ligava Iguape com Paranaguá. Foi construida ali por 1870 junto ao antigo caminho do Imperador (de 1840) e com a inauguração do telegrafo causou a mudança do nome da trilha (bem dificil acreditar nesta historia - trocar Imperador por Telegrafo - mas vá lá....).

A constante ameaça (para o bem ou para o mal) da construção da BR 101 entre Ubatuba e Joinville (trecho que até hoje não existe, apesar de sempre resurgir a intenção de fazer o mesmo) não evolui. A esta altura a questão ambiental neste trecho de planicie litoranea e manguezais e floresta atlantica, fica bastante dificil de equacionar.

Em paralelo, lá pelo inicio dos anos 80, eu passava de avião (vindo ou indo para Sao Paulo ou Rio - de Curitiba) e aquele trecho me chamava a atenção. Estradas que ficavam tão proximas mas não se tocavam. Mas ninguem falava desta trilha e muito menos dava o nome de Telegrafo a trilha.

Em abril de 1986 conseguimos juntar um grupo de animados para enfrentar o trecho. Saida no escuro aqui de Curitiba, rumo a Guaraqueçaba, depois Batuva e por fim entrando na trilha. Bem visivel, facil de achar, mas dificilima de vencer. Iamos com motos XL na maioria, pneu normal, sem transmissão mais forte fora o peso alto da XL. Ponte pensil, estivas, duvidas sobre o caminho, atoleiros (terreno em geral todo alagadiço - mais uma dificuldade para uma estrada de padrão melhor), tudo isto acabou fazendo que tivessemos que dormir na casa do seu Porfirio, bem no trecho que a trilha margeava o rio Taquari. Fomos bem recebidos e ali passamos a noite. Para melhorar, sempre vinha uma garoa chata para deixar a lama mais liquida e pegajosa. Dia seguinte foi mais facil, chegamos na estrada que liga o Ariri a Cananeia. Fomos até Cananeia, almoço, lavar motos e voltar para Curitiba.

Mas o passeio deixou marcas, lembranças, vivencias.

Nestes anos, a trilha foi invadida por jipes, derrubaram muito mato, reviraram a terra, até que o pessoal começou a limitar a entrada apenas a pessoas, animais de carga e veiculos leves (moto, bicicleta etc.). Ainda bem....

34 anos depois, com Eliana,  minha companheira sempre animada Eliana e a tradicional TR 4 (TWMA 3) fomos novamente para estes lados.

Saida cedissimo de Curitiba (acho que mais menos no mesmo horario que em 86 - tipo 5 da matina), rumo Regis Bittencourt vendo o dia começar a clarear na estrada. Muito bom este momento do dia. Sensação de coisa boa vindo.

Lá pelo km 516 (já em Sao Paulo) a vista do morro do braço feio - rochedo a 1200 metros de altititude - bonito e desafiador. Em Jacupiranga pegamos a estrada de terra direto até Itapitangui. Paisagem bonita, montanhas, muito verde, riachos etc. Nesta cidade, a direita rumo Ariri. São 58 km se for direto. Os primeiros 12 km aproximadamente são responsabilidades do DERSA - pessimo estado de conservação, uma coleção infinita de buracos. Depois vira conservação da prefeitura de Cananeia, melhora bastante. Casarão de pedra abandonado na beira da estrada, muitos rios com fundo de areia, quilombo (meio deprimente), criação de gado, bananal até chegar no desvio para a trilha do Telegrafo. Fica mais ou menos a 24 km do Ariri e segue paralelo ao rio Taquari. Dali são uns 7 km até a Escola Santa Maria (nome do bairro) onde termina a estrada. Para frente, aproximadamente 7km, a pé , cavalo, moto, bicicleta ou similar. Até chegar no Batuva. Dali são 30 km até Guaraqueçaba.

Por curiosidade - estes 7 km que separam a escola Santa Maria do Batuva, se for preciso fazer de carro, são 371 km ou umas 7 horas de viagem.... Assim é.

Neste caminho encontramos primeiro o Paulo e Raimundo, ambos moradores antigos, já nos deram informações sobre seu Porfirio (falecido em 2010 infelizmente) e a familia dele. Muitos por ali. Depois conversamos com dona Ivone Pedro, tambem moradora antiga e finalmente chegamos na casa onde mora dona Amenaide (viuva do seu Porfirio) e pertinho o Ozenil - filho dela com seu Porfirio. Boas conversas, lembranças, causos etc. A curva do Taquari pertinho da casa deles, onde quase caimos de moto em 86 (diz que faz pouco tempo alguem derrubou uma kombi ali no local). Quando - já escuro - vi que quase tinhamos caido dentro do rio, resolvi que precisavamos arranjar local para pouso por ali (isto em 86). 

Enfim - alem do passeio bonito, foi legal encontrar pessoas e locais que ficaram marcados daquela viagem de 86. Unica coisa que não tem mais (nem restos) é a ponte pensil que nos fez sofrer muito para atravessar com as motos. Engraçado que um cara ali perto fez uma casa e o acesso é por ponte muito parecida.

Mais abaixo foto de tudo. Fotos do passeio de 86 foram retirados a pedido do proprietario dos direitos autorais.

Outra coisa que lembrava bem foi uma bifurcação que nos tomou um bom tempo para resolver a direção para seguir e fica justamente neste ponto da Escola Santa Maria.

Bom, retornando ao passeio atual, voltamos rumo Ariri, chegamos lá tranquilos. Vilarejo tranquilo, de um lado Sao Paulo e do outro o final norte da ilha (super alongada)do Superagui. No estado do PR. Almoço no cantinho da dona Maria na beira do Canal. Bom demais. Na varanda, vendo o canal, barcos passando, muitos passaros (aliás em todo o trajeto, sempre muitos passaros), bolinho de mandioca frito maravilhoso. File de robalo uma delicia. Tudo bom.

Depois retorno para pousar no Lagamar Hotel (uns 6 km antes de Itapitangui). Hotel muito gostoso tambem. Gostamos demais. No meio do mato. Tem varios passeios para fazer ali, a pé ou com um pequeno trecho nocarro. Alugam bicicleta. Tem biblioteca, sala de musica etc. Preço pra lá de razoavel. Café da manhã muito gostoso e sem exageros.

Dia seguinte acordar cedo para ver o dia começar. Balsa para atravessar rumo Cananeia (porto Cubatão) e passear ao leu pela cidade. Beira mar, casario, igreja, lojas do tipo tem tudo (atendem quem mora longe da cidade e vem fazer compras de vez em quando), pessoal super simpatico. Agitação no cais,barcos sempre indo e vindo, fora o ferry que atravessa para Ilha Comprida. Depois de um pouco de duvida, fomos almoçar no Pont´s (pessoal da cidade comenta que é mais caro etc.). Bom demais. Local agradavel, serviço excelente,comida muito muito boa. Batemos um bom papo com o Sr Pontes. Pernambucano gente boa. Realmente os preços um pouco mais altos, mas a qualidade creio que compensa bem. Depois disto, com tristeza, volta para Curitiba.

Cananeia nos deixou uma impressão MUITO boa. Cidade muito agradavel. Da a impressão que seria facil viver uns meses por ali.

Para começar fotos desta viagem. Mais abaixo fotos da viagem de 86....








pico Parana visto do km 12 (aprox) da Regis, já no PR

inicio da estrada do Lagamar. Santa Maria é o bairro final antes da trilha em si.

riachos de areia e agua limpa


 rios mais amplos, sempre areia. Ou quase sempre...

tie sangue e rio Taquari bem na curva do tombo.

inicio da trilha rumo a Batuva

abaixo as famosas estivas


replica da ponte pensil

trecho abaixo logo perto do Seu Porfirio - era uma subida dificil de fazer, valeta, lama etc

biguá

em Ariri estas gaiolas, pessoal meio debiloide, andando a uns 100 por hora nas estradas de terra. Pena que tenha gente com a mente tão fraca ou precária que faça isto.

beira mar em Ariri. Barco amarelo é Escolar.

idem abaixo - lado esquerdo é Parana - final do Superagui

hotel Lagamar

morro do gigante, pico Tromomo visto de Cananeia - atrás fica Guaraqueçaba

peixaria e apartamentos em Cananeia

beira mar em Cananeia

casa pronta para ser recuperada em Cananeia

artesanato local - armadilha para peixes ao que eu saiba



Agora algumas fotos do passeio de Abril 1986

- retiradas a pedido do proprietario intelectual das fotos