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segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

LIVRY e ARREDORES 89_2023 - set e nov 2023

 

A

Relembrando que este post faz parte de 4 posts (dois anteriores e um posterior) todos tratando dos nossos 98 dias na Europa. 


Livry é praticamente um vilarejo no Sudeste da França (240 km de Paris) com aproximadamente 710 habitantes. Para fazer compras etc.. a gente dirige uns 4 km até St Pierre Le Moutier (2.000 habitantes) ou 15 km ate Sancoins (3100 habitantes). Para algo maior, a gente ia ate´Nevers – coisa de 30 km e que possui 35.000 habitantes.

Fica entre Nevers e Clermont Ferrand.

Local tranquilo e pacato, praticamente uma área rural. Com sítios em volta, um Domaine (La Perrine) que produz vinhos a base de Pinot Noir e Chardonnay Muito gado charolês, praticamente o único que vi na região. Parece que é quase um orgulho do pessoal se dedicar ao charolês. Basicamente o que se vê é gado, alguns carneiros e parreiras de uva. E sempre pelo meio arvores enormes, em grande quantidade os famosos carvalhos franceses. Ficava imaginando o trabalho que deve dar para derrubar um desses...

Na frente da nossa casa tinha uma igreja do séc. 13 sempre fechada. Vimos ela abrir duas vezes, para enterros. Bonita, austera, medieval mesmo. Sempre o que mais chama a atenção nestas igrejas são os vitrais e a porta de entrada. Gosto de reparar no desgaste das pedras nas escadas ou nos pontos de maior passagem de pessoas e ficar imaginando quantos já passaram por ali, com diferentes maneiras, diferentes destinos.

Na quarta feira tinha uma feira livre em Sancoins. Muito no estilo das brasileiras, mas tinha uma variedade maior de artigos.. Roupas, janelas (preocupação em isolar o ambiente e diminuir o gasto com aquecimento).  A parte de comida era muito especial. Tudo que é tipo de mel, temperos, peixes, carnes, com destaque para as carnes de porco. Muito tipo de queijo, uma banca de massas italianas que vendia inclusive grana padano verdadeira e boa... Enfim uma delícia. Junto da feira tinha uma pâtisserie (doces em geral e pães também) que era absurdamente boa.

Sobre a comida em geral na França tem que abrir um parênteses... (Tudo, em praticamente toda a parte é sempre muito bem feito. Caprichado. Na aparência e no sabor. A parte de salgados, sempre bem temperada, sem excesso de massa ou com massa pesada. Os doces sempre com sabores sutis, nunca com excesso de açúcar ou massa. Mesmo em lugares pequenos, escondidos, seja no restaurante, seja na pâtisserie (doces) ou na boulangerie (salgados) A gente não tem surpresa ruim. Eliana fez uma observação que – creio eu – é parte da chave para entender isto. Em geral as pessoas comendo estão apenas comendo, lentamente e – no máximo – conversando com outra pessoa. Não se vê gente comendo na rua, enquanto anda, ou olhando o celular e trocando mensagens enquanto come ou coisas deste tipo. Quero dizer – existe um público que realmente aprecia e valoriza a boa comida).

Não quero dizer que em outros lugares não seja parecido. Acredito que Itália e Espanha sejam similares. Do pouco que conheço. Mas na França a gente percebe uma atenção muito grande a isto.

Logo que chegamos a Livry era início de setembro e estava em plena época da colheita de uvas. Que sorte a nossa. Fomos ajudar a colher pinot noir na videira de um vizinho da frente, que produz um vinho orgânico chamado Domaine Perrine (https://www.biocoop-nevers.fr/producteurs-biocoop-nevers/domaine-de-la-perrine-6413.html) . Foi uma experiência muito legal. Cansei um pouco pois o sol forte e a gente trabalha meio agachado. Mas a sensação de estar ajudando a construir um vinho, foi muito legal. Num lugar sem encenação ou algo assim. Apenas trabalhando em grupo (vários vizinhos e alunos de escola vêm – como voluntários – ajudar na colheita).  Este ano foi uma safra especialmente abundante. A uva pinot noir é meio que a rainha das uvas para vinho. Produz os famosos Borgonha e em geral é bem chata de se aclimatar. Mas aqui é o lugar natural delas. Então é bonito de ver aquele parreiral todo cheio de cachos bonitos. As bagas são doces e gostosas de mastigar. Na hora do almoço íamos para um galpão, onde a esposa e a mãe do Fabricio (dono da vinícola) tinham feito um almoço para nós. Elas fazem questão (vimos isto em outros lugares) de nos servir, cada prato. Nada de todos irem na panela e pegar quanto querem, como querem. Muito bom, interessante.

A região é uma fronteira tripartite entre a regioes Nievre (que pertence a Borgonha), Cher e Allier. Então acaba tendo uma mistura de culturas, preferencias agricolas, comida etc... Mas nada que impacte demais, o importante é aproveitar mesmo. 

Outra coisa muito legal de fazer foi o passeio de canoa pelo rio Allier. Umas 3 horas remando, nós sofrendo um pouco. Rio um pouco raso demais (a parte boa nisto é que no pior caso descíamos e íamos a pé, rsrsrsrs). Mas muito bom ficar curtindo a paisagem, lanchinho numa praia etc.

Passamos 6 semanas ali meio que sem sentir. Dávamos umas voltas a pé, liamos bastante. Tínhamos uma bicicleta, mas acabamos não passeando nela, não surgiu oportunidade ou algo assim. Sempre dávamos uma escapada para cidades vizinhas (uma ou duas vezes por semana) – especialmente St Pierre, Sancoins, Nevers (menos) e por ai a gente curtia. Sempre alguma coisa interessante para olhar. Construções muito antigas, pareciam coisa de mais de um século. Paredes com quase um metro de espessura, janelas tradicionais (vidro por dentro e folha de madeira fechada por fora).

Como foram 3 semanas em Setembro (final de verão, ainda quente, dias mais longos) e 3 semanas em Novembro (quase inverno, já frio, chuvoso, dias nublados, garoa, temperaturas beirando o zero grau, arvores já quase sem folhas) foi interessante observar esta mudança bem marcada de estações. Como Curitiba fica numa região intermediaria, estas mudanças são mais difusas. 

Coisas que me chamaram mais a atenção neste período e também ou em conjunto com as viagens que fizemos na mesma época:

 – O cuidado na disposição do lixo. Tem sacos de cores diferentes conforme o tipo de lixo (3 cores basicamente), além de um container para jogar garrafas e vidro em geral (sem as tampas, rolhas etc.). Para se desfazer de objetos diferentes (janelas, portas, vidros de janela, galhos de arvore etc.) – tem um lixeiro municipal que permite acesso grátis 2 ou 3 vezes ao mês.

- Uma certa igualdade no jeito das pessoas em geral – roupa, carro, comportamento etc... Todos têm condição de ir comprar um doce bom, comprar pão, ir no supermercado etc. Naturalmente o pessoal de padrão bem acima a gente nota – em geral – pelo tipo de carro. As tradicionais Mercedes e BMW e similares.

- A dedicação que eles têm, quando a mesa, em experimentar, saborear, avaliar, seja a comida ou a bebida. Sempre prestando atenção no que está sendo ingerido. A par disso, muito raramente (não vi nenhum caso assim) seja em casas ou em restaurantes, o pessoal se serve como quer. O normal é alguém servir o prato pronto da forma mais estética possível.

- Diferentemente de Portugal e Inglaterra que a gente vê bastante área não explorada (matos, florestas etc.) na França, em geral quase tudo é cultivado. Eles possuem parques enormes, mas fora disto, o terreno quase todo é dedicado a alguma criação ou plantação.

- Como estávamos por lá bem no meio do Outono, os preparativos para o inverno são fortes. Especialmente a estocagem de rolos de feno para os animais. Cobertura nos cavalos (dizem que são mais sensíveis ao frio) e coisas deste tipo.

- Em qualquer lugar que se vá, a cortesia no trato. Não confundir com amizade ou algo nesta linha. Cada um na sua, mas o trato entre todos sempre muito cortes. Bom dia, boa tarde, até logo, tenha um bom dia ou boa noite, obrigado etc... Inclusive no transito, não se vê de forma algumas manobras hostis, fechando outros carros, pressionando para ultrapassar e coisas deste tipo. Inclusive com veículos pesados.

- Alias – o policiamento nas rodovias não diria que é muito, mas existe em boa quantidade, seja na forma de radares seja na forma de equipes ou batidas em lugares ao longo das rodovias.

- A questão da língua, me pegou de surpresa. Imaginava que a esta altura mais pessoas falavam Inglês ou Espanhol.  Nada disso. De vez em quando (não é raro…) a gente encontra alguém falando inglês. Espanhol raramente. No supermercado perto de nós, uma caixa estava estudando Português.... Como todas as vezes que estive na França, segui o mesmo rumo, evitar ao máximo o Inglês. Tentar algo em Frances, ir navegando, se a pessoa pergunta se a gente fala inglês (como é bom quando isto acontece) ai si muda a língua, fora isto, tem que dar um jeito de se entender como der. Diria que no geral, para o dia a dia, conseguimos nos virar bem.

O respeito e gentileza no transito ou andando na rua. Sempre. Dando passagem, respeitando regras de transito, cumprimentando, agradecendo etc.

 

LEMBRANÇAS ESPECIAIS

 Neste período a gente traz muita coisa boa, mas algumas foram top demais. Aí vão:

- Creio que a que mais me pegou foi ajudar na colheita da Pinot Noir logo que chegamos, no domaine de La Perrine;

- Passeio de canoa no rio Allier;

- A pizza no Chat Vert;

- Food truck de comida chinesa na terça à noite em St Pierre;

- Açougue em frente a igreja de St Pierre (mesmo local do food truck mencionado acima);

- A feira das quartas feiras em Sancoins;

- Almoço no primeiro dia com o Alexandre, em Nevers, no La Simplicite;

- Almoço no Le Lord em Nevers;

- Andar a noite nas ruelas de Chaise Dieu;

- A vista do alto do Puy de Dome;

- A cidade de St Flour como um todo (a parte antiga me refiro);

- A boulangerie e pâtisserie Mesnil Aurelien em Sancoins;

- passear na cidade quase museu - Apremont sur Allier.

Os bosques se preparando para o Inverno  - observar que a variedade de especies vegetais é bem menor que uma floresta Atlantica ou Amazonica ou mesmo comparado com o Cerrado.

bancos em Souvigny, cidade especial por ser rota de peregrinos faz seculos. 


A matriz de Souvigny e a fonte de agua para os peregrinos em frente a igreja acima

haja folha nestes preparativos para o Inverno..

vitral em Souvigny. Todas as igrejas sempre tem um vitral pelo menos, elaborado com muito detalhe e beleza. 

rua de Sovigny - este predio é um antigo presidio
abaixo um touro Charoles - orgulho da região

estradinha perto de Livry
carro coberto com as primeiras geadas....

Apremont sur Allier. Esta vila foi toda comprada pelo dono do castelo acima e virou uma vila meio museu meio espaço de lazer. Local super agradavel. A beira do Allier e quase na junção deste com o Loire. 



Acima sempre Apremont
abaixo a catedral de Nevers - especialmente bonita. Em reforma, mas mesmo assim muito interessante. Carregada de historia etc. Vale lembrar que a grande maioria destas igrejas é do sec 12 ou 13. Então não tem  jeito - ficam carregadas de memoras, passado, feitos etc

painel solar e escultura no centro de Nevers
uma gargula em Nevers. Por toda a parte tem. O Interessante é que cada uma tem feição diferente das vizinhas.

Uma igreja muito simpatica e interessante em Nevers - -chapelle Saint Marie
abaixo nossa vila de Livry - vista do sul. 

atacando uma baguete em casa. 
indo passear de canoa no Allier






Apremont sur Allier
plantação de Pinot Noir pertinho de Livry

o piso pisado milhares de vezes de igreja em Nevers

porta de Paris em Nevers

Archambault no departamento de Bourbon



fachada de banco em Nevers
na estação de Nevers - logo na nossa chegada no inicio de Setembor. Alexandre nos recebendo com tanto carinho...

Santa Bernadete em Nevers
comprando suco de maçã perto de St Pierre. Aperta o botão do que quer, paga e portinhola abre para a gente pegar. Pessoal do outro lado, produzindo mais sucos, geleia etc

a colhetita de Pinot Noir na propriedade do Fabrice (domaine La Perrine) 



jantar com amigos em Riousse na casa de Anette e Alexandre
e dá-lhe colheita






no meio dos trabalhos, intervalo para almoço comunal - bom demais. 

Palacio Ducal em Nevers










sempre os espaços publicos bem cuidados, com flores etc



buscando baguete

os docinhos recem saidos da Patissserie

atacando a baguete fresca

estande de frutas e verduras no super mercado de St Pierre - 1500 habitantes

cada fruta tem a indicação de qual pais veio. 

açougue em St Pierre

Alexandre deu um jeito e fez uma feijoada para amigos , por sorte estavamos lá e fomos aproveitar. Ficou boa. Tinha ate caipirinha e musica sertaneja




tipo de bebida que - com sacrificio - tinhamos que ingerir por lá

este caminhao para em cada cidade para exibir filmes (atuais) - baú se expande e vira uma sala de projeção.