ILHA DO MEL - BAIA DE PARANAGUA - PARANA - BRASIL 36_2012

 Do acaso surge a percepção de coisas que já tinham que ter sido feitas e por pura bobeira ou distração não o foram.

A Livia (filha do Angelo e Katia) foi dar uma olhada neste blog e perguntou – não tem nenhum da Ilha ? (Ilha é como os curitibanos frequentadores tratam a Ilha do Mel...)

Fiquei  pasmo e pensando que um dos lugares que mais estive (até hoje) simplesmente não consta do blog. Talvez por esta próprio excesso de “intimidade” com o lugar, ele passa a ser parte da nossa casa e não considerado como um destino, digamos assim.

Em suma – ai vai.

Minha mãe e os pais dela (meus avós, por coincidência....)  já frequentavam a Ilha do Mel pelos idos dos anos 30 do sec. XX. Ficavam no hotel perto da Fortaleza, mais ou menos no mesmo local onde hoje está o hotel de alvenaria. Na época era um hotel menor, com chalés em volta, varandão de madeira etc. Das poucas fotos que vi do local, parecia muito agradável.

Pessoal ia até Paranagua de trem, e o destino principal no litoral era a própria Ilha. As praias do atual litoral eram de difícil acesso e pouco conhecidas. E a turma ia no inverno para fugir dos mosquitos e a transmissão das tais doenças tropicais (malária, febre amarela estas coisas...). O desembarque era feito na ponta norte da ilha (onde hoje fica o radio farol) e dai tinha um ônibus pequeno (jardineira?) que vinha por estrada interna (passava atrás do morro da fortaleza) até o hotel.

Quando eu era guri falava-se da ilha do Mel mas como algo complicado. Tinha que pegar um barco em Paranagua (contratar etc...) ou ir em Pontal e arranjar alguém para atravessar, mas sempre naquela base de improviso, vamos ver como fica etc..

Em 75 foi a primeira vez que eu fui. Para a casa do Ed, parente do Angelo, casa esta que ainda está lá, reformada. Vejam que desde o inicio fui conduzido para os lados da Fortaleza. De certa forma a Ilha tem 3 regiões distintas que o pessoal frequenta. Uma delas é o Farol- Brasília, que vai desde o desembarcadouro no mar de dentro até a praia dos surfistas etc. Depois tem esta região da Fortaleza, que abrange varias casas tanto do lado sul como do lado norte (onde era a capela e a pousada do Egidio) e onde fico 90% das vezes e a terceira região são as Encantadas, mais pro lado sudoeste da ilha, junto ao canal da galheta. A região da Fortaleza é a mais distante dos desembarques e menos habitada.

Enfim, fui e gostei. Deste período (até 79 aproximadamente) ficávamos na casa do Ed ou acampávamos ali mesmo, na frente da casa e com muita ajuda do Rui e familiares. A casa deles ficavam Ed.

Ali por 79 Angelo comprou a terceira casa que formava este conjunto final (são as ultimas casas antes do riozinho e da fortaleza, para quem vem do sul ou da nova Brasilia).

A partir dali virou nosso ponto base. Algumas poucas vezes ficamos em pousada ou na casa de alguém na Brasilia ou nas Encantadas. Mas na pratica a gente frequenta mesmo é o lado da Fortaleza.

E assim foi indo. Sempre que dava íamos passar uns dias lá. Com os filhos pequenos e depois mais crescidos etc.. Algumas vezes com chuva e mau tempo. Ali pelos anos 90 comprei um casco de alumínio (4 metros algo assim), demos o nome de Peroá e usávamos para ir e voltar do continente e alguns passeios por perto, incluindo o Superagui. Por muita sorte não tivemos um acidente com este barco. Totalmente inadequado para o uso que tentava fazer dele.

Nos anos 90 a ilha quase virou 2, ali pela parte mais fina da nova Brasilia foi sumindo e sumindo e alguns dias o mar atravessava direto, mas parou e voltou. Dizem que nos anos 50 o mar atacava ali pela Fortaleza. Atualmente ele voltou a atacar na região da Fortaleza - dos dois lados. Mas parece que o pior já passou.

Nunca esquecer que do meio de Novembro ate final de Dezembro ir pra Ilha é algo meio desafiador pela presença diabólica das butucas ou mutucas. Uma mosca super insistente que pica e dói. Você nada pra dentro do mar e ela vem atrás. Enfim – melhor não ter contato com este tipo de ser.

Alias – dali partir para um passeio ao Superagui, baia dos Pinheiros, atravessar o canal do varadouro rumo Cananeia, ou ir pra Guaraqueçaba são passeios muito bons de serem feitos. A paisagem do trecho entre a Ilha do Mel e Cananeia é MARAVILHOSA. Com certeza é dos lugares mais bonitos que alguém pode ir. Bem em frente à praia das conchas (que une o farol a fortaleza) tem a Ilha das Palmas – com seus bancos de areia – outro local legal de conhecer.

Mas sem maiores deslocamentos, na própria ilha (a pé que é o sistema básico, de bicicleta ou eventualmente com os taxis náuticos) eu mencionaria:

- visitar a fortaleza (parte baixa, construção histórica do final do sec XVIII) em estado razoável de conservação e subir o morro para ver a parte alta (da época da 2ª guerra mundial). Nunca vi, mas pegar um nascer de sol ali no alto deve ser muito bonito.

- seguir rumo norte após a fortaleza, ate o radio farol ou ponta do bicho. Se tiver pique ou uma boa bicicleta, na mare baixa – completar o contorno da ilha indo até o mar de dentro. Dá uns 25 km (fortaleza > ponta do bicho > ponta oeste > mar de dentro > nova brasilia e voltando pra fortaleza).

- o farol e a praia grande (onde ficam os surfitas)

- as encantadas e a famosa gruta (meio curtinha...), mas o local é legal. No final (lado sul) da praia das Encantandas tem uma travessiazinha na grama e a gente chega pro lado do oceano, bem em frente à ilha da galheta. Ficar no final de tarde vendo o mar e algum navio passar vale a pena

- por do sol no lado do mar de dentro etc.

Comer e beber.

Tem muita opção, mas não posso deixar de mencionar o restaurante Mar e Sol no caminho entre a Brasilia e o Farol. Chila (dona e quem cuida da cozinha dia e noite – só não sei se o nome dela escreve assim) prepara uma moqueca imperdível. Digo que – das que eu conheço – é a melhor moqueca ao sul de Porto Seguro (os capixabas que não fiquem bravos...)

 

abaixo algumas fotos 

 acima - este que vos escreve na sua primeira (ou das primeiras) idas a Ilha - 1975. Abaixo a vista do morro da praia grande nesta época, ainda com poucas casas. 

 Acima casa do Ed - onde ficamos nas primeiras vezes. Nos fundos tinha uma ponte precaria de madeira e depois a fonte - que atendia muitas casas vizinhas e onde iamos buscar agua para lavar a louça e jogar no WC e tambem tomar banho. Agua encanada na Ilha só nos anos 90, assim como eletricidade mais tarde ainda. Abaixo, ali por 1992, turma de desavisados passeando pela Ilha, pegamos mau tempo e maré alta....

 Acima - nascer do sol na praia das conchas com Ilha das Palmas ao fundo
abaixo a Fortaleza - vista da mesma praia.

 A pedra da baleia - na maré baixa fica mais destacado ainda o corpo e o rabo da baleia. Este canal (barra norte da baia) era o usado pelos navios para entrar em Paranagua ate os anos 50~60 algo assim. Depois que mudou para a barra sul com o escavamento e sinalização do canal da galheta. Abaixo a fortaleza - muro leste. 

 o desembarque e a jardineira que levava o pessoal até o hotel e abaixo o barco que vinha de Paranagua.

 Uma vista do hotel antigo e abaixo a praia rumo ao radio farol vista do alto do morro da fortaleza

Tempestade chegando, normalmente elas vem desta direção (norte - nordeste o rumo de Guaraqueçaba e Cananeia) - abaixo a mesma foto melhorada pelo Ronald - perito em fotografias

 

 O morro do farol e a casa do Angelo e Katia junto a Fortaleza

 A capela no lado norte da fortaleza (hoje já em ruinas) e abaixo o morro do farol e lagoa que se formou com a deposiçao de areia - no trecho Brasilia - Farol

 Familia da minha mae em frente ao hotel e abaixo procissao em frente a capela que apareceu acima. Notem a fortaleza nos fundos. Ambas as fotos sao dos anos 1932~1934

 o cais de desembarque atual - junto a Nova Brasilia - abaixo em 75 - a gente tinha que desembarcar na areia mesmo.

 acima caminhada desde o mar de dentro na nova brasilia ate a fortaleza, sem rodinhas... abaixo - a travessia  no barco cheio - estas 3 fotos todas de 75

 por do sol no mar de dentro e o morro do farol

 a praia das conchas vista da fortaleza e abaixo a entrada da fortaleza

 acima a entrada da fortaleza em epocas mais anteriores - sem pintura etc e abaixo paliçada para segurar a maré

 canal da galheta e ilha do mesmo nome e abaixo o barco atual da travessia - dos menores...

abaixo - sacos gigantes de malha para tentar segurar a maré