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sábado, 3 de junho de 2017

NAMIBIA p 2



No mesmo dia que cheguei em Luderitz (terça – 30), depois de arrumar as coisas, fui até o Barrels, aparentemente o único lugar que fica aberto até mais tarde (22 hs uau…)

Tomei uma cerveja (aliás – todas as cervejas que tomei por aqui tem sido muito boas, fora a King – bem horrível) e uma pizza de cogumelos bem boa.
Ali conheci o gerente, um americano meio dopadinho (é de Chicago, está aqui faz um ano e quer ficar pelo menos mais um ano) e um francês – o Édouard. Quando nos despedimos ele disse que se eu fosse na ponta Dias (que eles aqui escrevem Diaz…) ele gostaria de ir junto etc.

Na quarta – acabei dormindo até mais tarde e achei melhor ir visitar a tal cidade fantasma de Kolmanskop. No início do século XX eles se encheram de diamantes por ali e construíram uma cidade completa de alto padrão (coisa de alemão para simplificar) no meio do areal, uns 15 km de Luderitz. Tinha até fábrica de gelo. Até hoje retiram diamantes da área. Mas do jeito fácil que era, não mais. Os caras encontravam os diamantes brilhando na superfície.

Depois da visita, encontrei o Édouard e fomos visitar a ponta Dias. Imperdível para ser sincero. Muito legal. Vistas espetaculares, mar aberto, sensação de oceano mesmo. Fora isto, o papo com ele foi excelente Ele é pós-graduado em viníferas, parte da agricultura mesmo. Entusiasmadíssimo pelas uvas em geral, mas fã especial da Pinot e Riesling. Foi uma ótima manhã, falando de assuntos gerais, mas sempre voltando para o assunto dos vinhos. Já trabalhou em vinhedos na França, Nova Zelândia e Cape Town. Muito bom este encontro mesmo. Depois voltamos almoçar do Diaz café, comi ostra, tomamos um Fairview Chenin Blanc que estava ótimo, acompanhando o tal peixe Kingklip (parece ser uma mistura de abrótea com badejo). Um hábito do Edouard que me chamou a atenção, cada cigarro que ele fumou (foram poucos) ele apagava e prendia no cordão do tenis, para jogar fora em local adequado. É uma das coisas que mais me intriga no fumante (e olha que a ideia de ser fumante já é bem intrigante por si) é esta sensação que ele tem que o final do cigarro pode ser jogado praticamente em qualquer  lugar. 

Fui passear mais um pouco pela cidade, ver o pôr do sol no porto, tomar café no Cozy café, batendo papo com a moça que atende lá. Ela queria saber tudo sobre Brasil, viagens, viajar sozinho etc... Muito engraçada nossas conversas.
Quinta acordei bem cedo, arrumei as coisas, fui na Shark Island (logo depois do porto) dar uma olhada – nada especial especialmente depois da ponta Dias. Mas o ponto alto foi tomar café no Garden café (na rua do Porto começando a subida) que lugar especialíssimo. As comidas deliciosas, o café deliciososo, o atendimento supertranquilo e eficiente, mas o local em si (jardim, mobílias antigas etc.…) é o ponto alto. Ah e do jardim a gente fica vendo o mar, mas acaba sendo quase o de menos. Imperdível o local.

Antes das 9 horas me mandei, pois, o dia ia ser longo. 120 km até AUS no ótimo asfalto e com algum movimento. Mais o tal caminhão de 36 rodas indo a 30 por hora e sem eu saber se era para passar ou não. Depois de AUS, terra, no início com muita costela, mas foi melhorando. Em Helmeringjausen (uns 120 km de AUS) – micro vila (20 casas? Talvez) mas tudo meio ajeitadinho ou simpático, entrei na vila e parei num local para comer uma torta de maçã com boa propaganda, torta ótima, jardim ótimo, almocei por ali (Meatloaf com ovo frito e salada de batatas, aliás se come muita salada de batata por aqui).  Esta região é num vale mais baixo e mais úmida, várias arvores, gado, enfim algo mais normal.

Fui em frente, mas a distância era grande. Num trecho subi num planalto a mais de 1600 metros e depois uma descida num vale muito bonito e mais um pouco cheguei a Sesriem, último local que se pode dormir antes das dunas de Sossusvlei.

Não consegui fazer funcionar meu fogareiro (bocal e botijão não se falam). Mas tá tudo bem.

Para toda parte tem muito camping. Mas 80 porcento é barraca montada em cima de carro ou trailer ou moto home. Pouquíssima barraca de chão tradicional.
Aliás – os Namibios em geral são muito bons de tratar, educados, animados, prontos para uma conversa a mais etc.  Os turistas brancos super fechados, especialmente a turma da minha faixa etária... Tenho tentado fazer mais amizade com a turma mais jovem, mais abertos a conversa.
Apenas o pessoal do camping em Sesriem, especialmente antipáticos ou difícil de lidar. Talvez até pela própria clientela (que também tinha um estilo digamos peculiar...).

Na hora que eu ia saindo do camping em Sesriem chegou um casal jovem de paulistas. Conversamos rapidamente. Depois fiquei pensando e achei engraçado que a moça mais bonita que vi até agora nesta viagem era justamente a paulista deste casal. Atavismos?

Os hotéis também têm grande quantidade que se dizem self catering. No sentido de que não servem nenhuma comida, mas tem uma cozinha bem instalada. Este Sandrose que fiquei em Luderitz era assim.

Na sexta (2 junho) acordei 4:45 da matina para tomar um café rápido (que na verdade foram frutas e um pão com cream cheese, já que o tal fogareiro não funcionou. 5 e 25 tava no portão de entrada do parque. Quem está dormindo fora do camping só pode entrar as 6 e meia da matina. São 45 km de reta até a tal duna 45 (adivinhe de onde tiraram este nome) onde é permitido subir. 150 metros de desnível, sofri no começo, mas depois acostuma e a areia fica um pouco mais firme lá para o alto. Bonito ver a iluminação nas outras dunas, o sol aparecendo, aquele vento friozinho (devia estar uns 8 graus nesta hora). Enfim – bonito de se ver. Desci e fui com o carro mais 17 km até o limite para os 2x4 (realmente não tem como passar no areião que vem depois). Paguei o jipinho (tudo land cruiser...) – 150 NADs (37 reais) para ir e voltar. Nos deixou na trilha para o Dedvalli. Caminhada de uns 15 minutos e estávamos lá. No fundo a duna mais alta daqui (big daddy – 430 metros por ai) – interessante de ficar andando por ali e vendo as imagens que se formam, o solo branco calcinado, as dunas atrás, o céu azulzinho e aquelas arvores mortas ou quase mortas todas retorcidas, mas a grande maioria ainda presa nas razies.  Fui caminhando por fora da trilha principal (mais a oeste – graças ao Wikiloc) e fui direto no Sussvalei – que é similar, mas com mais arvores esverdeadas. Muita pegada de bicho por ali. Mas vi apenas dois orix na volta para o camping. Enfim pelas 11 da matina estava de volta no camping. Total na faixa de 5,5 horas. Bem tranquilo. Mas não tentei subir nenhuma das outras mega dunas. A vista deve ser legal. São 60 km em linha reta até o mar.... Fiquei viajando, pensando numa caravana com camelos até lá.

No caminho de volta, um vale aberto pelo rio que as vezes enche e vai até lá no fundo, mas o interessante que as dunas ao norte do vale são brancas e as do Sul são avermelhadas. Sesriem fica numa transição entre este deserto e uma região bem montanhosa mais pro interior.

Fui abastecer o carro, a gasolina mais barata que em Windhoek (30 centavos em 11 NADs – não muito, mas inesperado.). O posto de gasolina é bem equipado, comida, cervejas, revistas, mapas etc.…aliás este meu carro, pode não ser o ideal para estradas de terra, mas tem aguentado bem. Consumo beirando os 20 por litro (tenho andando a 80~100 por hora na terra e 120 no asfalto).

Sábado (3) acordei cedo (não tem muita opção pois a maioria levanta entre 4 e meia e 5 da matina para pegar o nascer do sol. Enfim – antes das 8 já estava na estrada. Vistas muito bonitas, atravessando o megaparque Namib- Naukluft. No meio do caminho tem a tal Solitarie (que é isolada e sozinha mesmo – umas 6 ou 8 construções) e no meio delas a tal confeitaria com o famoso apfel strudel. Não é bem strudel, mas bem bom.

Segue em frente, cruzei com alguns orix, alguns poucos esquilos, a estrada vai melhorando a medida que a gente se aproxima de Walvis Bay.
Cheguei – que roubada. A cidade tem jeito de Miami – ruas largas, casas baixas, tudo meio estranho. Hotel legal (tendielaan) e almocei no Raft – excelente local e comida. Dei umas voltas mas tudo muito feio.

No domingo – aliás, divagando, se em geral domingo já é complicado pro turista, aqui na Namibia, nas cidades, a sensação de que se está sozinho é maior ainda. Alem disso tudo fecha muito cedo. As 7 da noite a cidade já está totalmente deserta. Mas enfim, no domingo, com muita neblina (devido a agua fria do Atlantico) fui rumo Norte uns 100 km até Henties bay. Muita gente indo pescar, simpática a Swakopomund e mais simpática ainda a Henties bay. Bom passeio. Na volta em Swako almocei no Ocean basket. Muito bom, peixe, salada grega com feta (eles tem feta para vender em qualquer canto por aqui). Depois voltei rumo sul, passei por Walvis e fui ver as tais lagunas ao sul de Walvis, onde dizem tem muito flamingo. Várias piscinas gigantescas para obter sal do mar (sal e blocos de granito são dois produtos que saem muito daqui, além de Walvis ser praticamente o único e principal porto marítimo da Namibia. Enfim – fui indo – de repente um areal, achei que passava e não passei. Que roubada. Carro totalmente embarrigado na areia. Neblina, frio, eu com dor nas costas. Apareceram dois grupos para me ajudar, o primeiro apenas conseguiu arrancar a mola da roda traseira, o que me deixou bem chateado, claro.  Um segundo grupo arriou bem os pneus (tipo 10 libras eu acho) e com força o bichinho saiu. Fui indo devagar até um posto, furou um pneu, troquei etc.

Fui dormir bem agitado. Dia seguinte, consertar o pneu (encontrei casal de barcelanoses, viajam faz 8 meses e não querem voltar pra casa este ano...) depois a batalha pelas molas. Primeiro que achei pediu 5500 NADs (1400 reais) pelo par. Fui pra Suako, muita batalha, acabei encontrando por 220 reais. Mais 50 reais para colocar (quando se fala em mão de obra por aqui é sempre bem barato...). Foi-se a manhã mas tudo resolvido. Deixei as malas no hotel (la Mer – uma delicia – 1 quadra da praia) e levei o carro pra lavar. Passeios pela cidade, almoço bom e mais passeios. Muito turista, muita gente tentando tirar grana dos turistas.

Amanhã partida de volta ao interior – rumo a Etosha

Assuntos gerais:

As estradas aqui têm uma letra na frente. A – Pista dupla (não vi nenhuma ainda), B – pista simples asfaltada (tem várias), C é de terra, mas normalmente super bem conservada. Com meu golzinho (que aqui chama Vivo e faz uns 18 por litro fácil) ando a 100 por hora nelas bem tranquilo, mas prestando atenção nos areais ou terras fofas que aparecem de vez em quando.
O camping, tanto aqui em Sesriem – Sossusvlei e especialmente em Fish River costuma ser o local mais perto e com acesso mais cedo para as atrações. Nos dois e acho que em todos, tem apartamento self catering para alugar também.
Aparentemente os nomes europeus (holandeses ou alemães em geral) predominam mais na metade sul da Namíbia. A medida que a gente vai indo para o Norte começam a aparecer mais nomes digamos nativos. De certa forma é a região que os europeus chegaram para mineração e estava praticamente desocupada. De certa forma Windhoek fica na divisa entre estas duas áreas.

DIVAGAÇÃO
Quando sai de Curitiba minha irmã e cunhado (Themis e Clovis) me deram um livro de memorias de um cara criado no Zimbabwe e que depois foi trabalhar em New York, mas retornou várias vezes ao Zimbabwe (George Godwin) e viu as barbaridades que aconteceram por lá na virada dos 90 para 2000 com o facínora do Mugabe. Tem partes meio maçantes porque são recordações por demais pessoais, mas é o depoimento do que ele sentiu. Tem muitas partes ótimas que ajudam a gente a captar melhor o jeito da África ou pelo menos aqui da parte sul da África. Mas de vez em quando surgem umas visões mais gerais que achei interessantes, pois é algo que sempre me pergunto porque a África tem esta vocação para se destruir.
Tem um cara famoso que o autor menciona – chamado Jared Diamond e dentre as citações algumas eu achei interessante colocar aqui
- clima e solo da África nunca foram propícios (em grande parte claro) para agricultura ou criação de animais, com isto tinha muito pouco excedente. Em função disto não havia possiblidade de se formarem cidades de maior porte, pois quem está na cidade não consegue produzir comida e, portanto, depende das sobras produzidas no campo (sobra no sentido de excedente). Não havendo cidades não existe ambiente para evolução social, tecnológica, financeira etc...
- Os animais da África não servem para montaria. O cara até comenta como seria covardia uma carga de hipopótamos contra os fraquinhos cavalos europeus. Porem estes animais de maior parte não conseguem ser amestrados/ domesticados.


- Cape Town e região sempre ficaram meio isolados ou não habitados pelas tribos tradicionais africanas pois possui um microclima especifico muito mais parecido com o Mediterrâneo europeu do que com o da África em geral. As tribos iam chegando, mas não conseguiam produzir comida ali devido ao ciclo climático tão diferente....



 Pessoal procurando diamante (bem assim - ficavam na superficie...)

estas casas formavam a vila de Kolmannskop - perto de Luderitz -que na virada do sec 19 para 20 foi onde muita gente ficou rica achando diamantes.




 acima - cozinha apenas para salsichas...

palha para absorver umidade no ambiente da fábrica de gelo

 trenzinho que circulava dentro da vila - dedicado especialmente as mulheres

abaixo uma ratoeira inusitada

  a areai invadindo tudo

abaixo uma frutinha que apertada sai água. Não é um liquido muito saboroso, mas estando com sede no meio do deserto, cai melhor que champagne



 ao fundo o aeroporto de Luderitz visto da vila

abaixo mais vistas da vila

 acima e abaixo a casa do chefão geral da mineração

 a igrejinha de Luderitz ao longe

na ponta abaixo, chamada Diaz (mas  que é Dias  - do Bartolomeu que fincou um marco português ali em 1488) - 

 ponta Diaz e o marco português (imitação meio grosseira em verdade) 

 mais ponta Diaz e abaixo colonia de pinguins na ilha em frente

 mais pinguim e um filhote perdido no areal 


 Luderitz ao longe

abaixo jardim do Garden Café em Luderitz - que lugar agradável

 saindo de Luderitz

mais fotos do aglomerado de ninhos de pássaro em algumas árvores


 meu acampamento no Sossusvlei - na verdade em Sesriem

abaixo no amanhecer o pessoal já subindo a duna 45 (150 metros de desnivel) 

 quase no topo

as tais mudanças de cor que vão acontecendo no decorrer do amanhecer

 serras ao longe

mais vistas

 acima e abaixo o Detvlei - vale da morte

na foto de baixo a duna big papa - 460 metros de desnivel

 a foto tradicional do vale da morte

abaixo o Sossusvlei - mais esverdeado

 pegadas....

 mais Sossuvlei

 um orix na beira da estrada

abaixo coleção (será ?) de carros velhos em Solitaire - onde tem o tal strudel (bom mas não é strudel)


 a loja do Strudel

mais orix


 mais uma vez cruzando o tropico de Capricornio

de repente um meio canyon - Gaub - 


 terreno levantado

por do sol com as suculentas da Namibia

 ainda em Luderitz

 acima porto de Luderitz e abaixo a rua já deserta as 6 e meia da tarde...



 cafe da manha servido na varanda do meu apto no tiende laan hotel em Walvis

neblina em Walvis Bay e região, vai abrindo mas não tudo durante o dia

 casa totalmente containerizada

mesmo nos dias recentes, navios ainda esbarram com o litoral do esqueleto da Namibia


 Henties bay - as dunas começam a se levantar - ali embaixo uma fileira de churrasqueiras - abaixo no detalhe. Mania do pessoal em quase toda a Africa, especialmente aqui mais pro sul é fazer churrasco (Braai eles chamam) 

 aquario de Swapo - pequeno mas bem interessante - mega tanque com tunel de vidro embaixo, boas explicações - bom para crianças 

 as minas de sal e os tais flamingos que tanto trabalho me deram 

 o branquelinho atolado na areai. Nem parece, mas o meio tá toda apoiado no facão de areia

embaixo Woerman haus - a construção mais simbólica do período alemão aqui em Swapo

 o farol - para evitar mais encalhes ainda

esta cesta era usada para desembarcar e embarcar passageiros no navio. Swapo nao tinha porto natural então o navio ficava lá longe e iam trazendo devagar as coisas...

 um xilofone africano

estes botões ai embaixo - as mulheres africanas precisam ter pelo menos um - como se fosse uma jóia mesmo


 mais Woerman haus
 no topo da duna 45 e abaixo no vale da morte

 restaurante Raft em Walvis - em cima das aguas. Local gostoso, comida boa

abaixo o cardápio do Ocean Basket ( preços em NAD, em reais basta dividir por 4) 


3 comentários:

Unknown disse...

Gostei dos pratos. Confirmam minha teoria de que colesterol é o que dá sabor na comida. Enfim se morremos pela boca, que seja pelo menos com algo saboroso.

Marcos.

JANETE KISLANSKY disse...

Haja areia !!!!! Muito legal Amilcar... manda umas fotos dos nativos daí, crianças ! Cadê esse povo? Beijoss e boas viagens!

imagimario disse...

Já pensou em compilar todas as tuas viagens em um livro???? Eu compro a primeira cópia desde que venha autografada!!!!!